29 maio, 2011

Domingo Conectado

Desligamos a televisão e plugamos o computador no Palco Hip Hop ao Vivo


Por Shirley Pacelli

Zaika roubou a cena com a sua voz
Frio, domingão e você sem grana até para o bus. Tem jeito de salvar o dia? Claro que sim. A resposta é: Palco Hip Hop ONLINE. Isso mesmo! No último domingo, dia 22, lembrada pelos colegas do Twitter do Conexão Vivo, curti diversos shows na telinha do computador. Vá lá que se o Barreiro fosse mais pertinho dava um jeito de ir a pé pra sentir a energia do Hip Hop junto das 5 mil pessoas que marcaram presença no local. Mas, como para mim não é, foi muito massa acompanhar os shows na web.

Das bandas que subiram ao palco, minha atenção se voltou para Zaika, cantora de Contagem, de 23 anos e há treze em carreira. A voz forte, o som com mescla de rap, dub e reggae, aliados a sua presença marcante no palco, me caíram muito bem.

Em seguida, a turma do S.O.S Periferia, velhos conhecidos do público desde a década de 90, provou a que veio e agitou a galera com o novo CD “Metamorfose”, lançado recentemente. E claro, não podia faltar o Duelo de MCs antes da grande atração da noite. Monge Mc fez as honras da casa e mediou a batalha. Alto nível de improvisação e a galera na vibe garantiram o sucesso do duelo. Uma briga de mulheres tentou atrapalhar o movimento, mas a própria plateia atenuou os ânimos exaltados e separou as “barraqueiras”. Um “Zé povinho” também ensaiou uma vaia para um dos participantes, mas a galera reafirmou que o combate tinha como objetivo principal promover a cultura hip hop. Segregação é contra as regras. 

Assim, o Palco Hip Hop foi caminhando para o fim. Mas, não terminou por aí! Estava faltando “só mais um maluco” para fechar a noite.

“SÓ DEUS PODE ME JULGAR”

Pretona Cufa/BH clicou cada movimento do rapper carioca

Por Felipe Pedrosa
Fotos: Pretona CUFA BH 

Imponente, MV Bill adentrou o Palco Hip Hop e provou porque veio à Belo Horizonte. Mais que um show, o carioca, nascido e criado na Cidade de Deus, dilacerou as ideias com suas rimas fortes e diretas, além de provar que ele bebe da cultura pop, mas a cultura pop não desvaloriza seu trabalho. Isso fica claro depois das suas incursões pela Rede Globo, como em “Malhação” e a Dança dos Famosos, no “Domingão do Faustão”, e o seu recente disco “Causa e Efeito”.

Por falar em programação dominical na televisão, quem desligou a caixa preta e embarcou para o Barreiro ou ligou o computador no canal do @conexãovivo teve a oportunidade de ver MV Bill abrir o show com “Causa e Efeito”, música que dá título ao seu último trabalho e culminou num vídeo clipe que crítica alguns filmes nacionais. Com a certeza que para mudar é preciso mais que um discurso, o cara partiu para a canção “Soldado do Morro” que, se não me falhe a memória, foi o seu primeiro grande sucesso. Narrando a história baseado em diversos fatos reais, MV Bill improvisava alguns versos e permaneceu “Traficando Informações”, do seu disco de estréia, lançado em 2000.

Voltando ao seu recente trabalho e acompanhado da sua irmã Kmila CDD, Bill garantiu que “O Bonde Não Para”. Dessa forma, ele seguiu transitando entre as faixas dos seus quatro discos e permaneceu invicto no palco, movimentando não só o esqueleto do público, mas o cérebro, que recebeu doses cavalares de ideias e pensamentos. 

Embora o Conexão Vivo tenha arrasado com a transmissão online, no final um black tomou conta da tela do PC. No Twitter, os seguidores perguntavam o que estava acontecendo e, enquanto isso, apostamos nossas fichas que o MV Bill fecharia o show com a clássica “Só Deus Pode me Jungar”, confirmação que veio minutos depois através de alguns amigos internautas.

Bill passeou por canções dos quatro álbuns da carreira
Repertório do show:
“Causa e Efeito”;
“Soldado do Morro”;
“Traficando Informação”;
“O Bonde Não Para”;
“EMIVI”;
“Falcão”;
“L.Gelada – 3 da Madrugada”;
“Camisa de Força”;
“Junto e Misturado”;
“Marginal Menestrel”;
“Estilo Vagabundo 1”;
“Só Deus Pode me Julgar”.

ALÉM
A ideia da transmissão ao vivo na rede é uma grande sacada. Assim, quem está longe pode curtir o evento. É dessa fonte que o “Rolé - Cultura e cidadania” bebe. Assim as periferias espalhadas pelo Brasil poderão acompanhar a cultura que movimenta a grande Belo Horizonte. (Shirley Pacelli)


PALCO HIP HOP
A efervescência cultural de Belo Horizonte se reflete na criação de projetos de valorização da cultura da periferia, como o Palco Hip Hop, que realiza integração entre grupos e artistas locais e nomes já consagrados da cena nacional. Tudo isso a partir da criação de um espaço para troca e interação. Além das apresentações artísticas, há oficinas, debates e palestras. Segundo a assessoria de imprensa do Conexão Vivo, uma nova edição do projeto está prevista para acontecer em julho, no Morro das Pedras.(Felipe Pedrosa)



Confira a contagiante apresentação da Zaika no Palco Hip Hop:

 

28 maio, 2011

Conexão no Parque

Da Redação

Última hora para você colocar o tênis, a calça, um agasalho maneiro e cair para o Parque Municipal. Lá, desde quarta-feira, está rolando shows peculiares e reunindo uma galera bonita e com a mente aberta para novos sons.

Hoje, a partir das 19h30, o ambiente bucólico do parque recebe Babilak Bah, com Juarez Moreira, Senta a Pua!, com o carioca Eduardo Neves, o soul funk do Black Sonora, com o convidado Di Melo, os mineiros do Graveola e o Lixo Polifônico, que recebem o mestre Jards Mcalé, e para encerrar a noite o rapper Renegado, do Alto Vera Cruz, divide os vocais com a cantora Maria Alcina.

Rapper do Alto Vera Cruz é atração no Conexão Vivo 

Serviço:
O quê? Conexão Vivo
Quando? Hoje, 28 de maio, a partir das 19h30
Onde? Avenida Afonso Pena, s/nº
Quanto? Gratuito, mediante apresentação da mensagem de livre acesso, ou R$ 10 (inteira)

26 maio, 2011

Cultura africana no Alto

Por Marquelle Camargos

Durante a peça "O Negro, a flor e o rosário"
Dança, música e cultura afro-brasileira foi o que apreciamos em nossa segunda visita ao Centro Cultural Alto Vera Cruz. Com roteiro e direção de Maurício Tizumba, a peça “O Negro, a flor e o rosário” contou, cantou e encenou parte da cultura africana. Tizumba, acompanhado de nove atrizes, levou aos moradores do Alto um pouco mais de conhecimento dos povos que são as raízes da história do nosso país.
Maravilhoso chegar ao Centro Cultural em pleno domingo à tarde e encontrar a platéia lotada. Estavam presentes pessoas que dias depois seriam nossos personagens e parceiros para a produção do "Rolé - Cultura e Cidadania", em breve no ar! Dona Pretinha e suas netas, Wellington e seu grupo de dança, o Calanga, jovens que integram os grupos musicais Alto Batuque, Fanfarra e Orquestra de Berimbau e, claro, Dona Isabel. Foi ali que vimos pela primeira vez a nossa poetisa. O desenho dela, usando um colar de pérolas no folder da programação do Centro, não deixaram dúvidas.
A história de vida, a cultura produzida, as superações, a simpatia e a alegria de viver fizeram com que ela se tornasse o personagem central do primeiro programa.
Ao final da apresentação, partimos para os primeiros contatos com as pessoas que, indicadas pelo Wellington, poderiam de alguma maneira contribuir para o projeto.
Público, viu, gostou e aplaudiu no fim da peça
MAURÍCIO TIZUMBA 
O multiartista mineiro começou a carreira há trinta e três anos. Um dos principais apoiadores da arte afro, ele trabalha para manter a herança africana viva e agrega essa cultura nas suas música, danças, passagens pela TV, peças teatrais e produções cinematográficas. Mais infirmações sobre o artista em: http://www.tizumba.com/

23 maio, 2011

A arte da decupagem

Por Markleny Minas


“Escrever é cortar”, já dizia Marques Rebelo. Entretanto, no audiovisual o processo de editar se resulta na arte de cortar e colar. Transformando assim, as cenas do vídeo em uma sequência. O planejamento das imagens e o plano a ser usado, para dar sentido ao programa, é algo minucioso e que tomou boa parte do tempo da equipe do “Rolé - Cultura e Cidadania”.

Quando o grupo se viu diante do vasto material, começou a missão quase impossível de editar o programa. Com mais de duas horas de gravações, tínhamos que montar o "Rolé", que, inicialmente, teria seis minutos. Assim, resolvemos aumentar o vídeo para 10. Mesmo utilizando essa possibilidade de adicionar mais alguns minutinhos, estávamos com o dobro do tempo somente com a entrevista da Dª Isabel. Ou seja, era preciso cortar muito para que as outras cenas do programa entrassem.

Dessa maneira, a pergunta “será que é preciso aumentar mais o tamanho do programa?” tomou conta do pensamento da equipe. A resposta foi unânime: não, pois, como ele será exibido no YOU TUBE corríamos o risco da qualidade do vídeo ser baixa. Além de constatar que mais de dez minutos é muito tempo para você, internauta, ficar assistindo.

Com o “problema”, teoricamente resolvido, era preciso elaborar a vinheta e decidir se era necessária a presença de um apresentador. Sem esquecer, claro, do limite de 10 minutos. “Será que conseguimos?”, vocês devem estar se perguntando. Então, acompanhe o “Rolé – Cultura e Cidadania” nas redes sociais e fique ligado, pois, logo o programa estará na rede.

20 maio, 2011

Em Casa

Os quatro elementos do Hip Hop (DJ, Rap, Graffiti e Breakdance) no seu lugar de origem


Por: Felipe Pedrosa

O discurso não é novo. “O Hip Hop pode ocupar todos os espaços e ser agente questionador, formar jovens para a cidadania, trazer reflexão...”, disse Victor Magalhães, idealizador do Palco Hip Hop, no material de divulgação. Porém, a preocupação em valorizar a cultura da periferia e promover eventos no seu próprio celeiro criativo é algo que ainda está sendo construído. Por isso, Magalhães defende a descentralização de alguns movimentos culturais, como o “Palco Hip Hop”, e o investimento nas periferias de Belo Horizonte: “As regiões com menos acesso a equipamentos públicos ficam isoladas de eventos culturais e ao contrário do que muitos pensam, elas possuem uma boa estrutura e um público sedento por essas manifestações”.

Afirmação comprovada depois da ocupação na Barragem Santa Lúcia. Agora, está na hora de investidores e ações públicas valorizarem a cultura da periferia e elaborem novos eventos. “Precisamos articular isso ainda mais e mostrarmos para a cidade a importância dessas manifestações e lutar para conseguirmos políticas públicas que fomentem o Hip Hop em Belo Horizonte”, defendeu Magalhães, ao citar o Palco Hip Hop, projeto que, desde quinta-feira, dia 19, está promovendo debates, palestras e oficinas na região do Barreiro.

RAP PRA ACABAR

MV Bill apresenta o disco "Causa e Efeito" no Palco Hip Hop
Depois de ministradas as oficinas de graffiti e dança de rua, chegou a hora do “Palco Hip Hop”, ainda na região do Barreiro, receber o peso das rimas e o embalo dos samplers. Domingueira, dia 22, o mestre de cerimônia Monge MC vai comandar o gran finale do evento com a presença de DJs, grupos de dança e diversos MCs, entre eles MV Bill, que apresenta o disco "Causa e Efeito", de 2010, o S.O.S Periferia, que mistura rap, reggae, ragga e dub, e a, não menos importante, Zaika, que desde os 10 anos manda bem com os timbres vocais. 

Serviço:
O quê? Palco Hip Hop
Quando? Domingo, 22 de maio, a partir das 14h
Onde? Avenida Vaz de Melo – em frente a Puc do Barreiro
Quanto? Gratuito

14 maio, 2011

Invasão na Barragem Santa Lúcia

Barragem Santa Lúcia, região Centro Sul de Belo Horizonte
por Felipe Pedrosa

Depois de ocupar a praça do Papa, região  nobre de Belo Horizonte, no último fim de semana, o Conexão Vivo 2011 desembarca na Barragem Santa Lúcia, no Centro Sul da capital mineira, mais precisamente no Morro do Papagaio, local que começou a ser ocupado na década de 40 e impressiona pelo visual exuberante.

Para embelezar os ouvidos, o evento traz no sábado, dia 14, a partir das 15h30, o grupo UAKTI, que constrói instrumentos musicais, o Grupo Curupaco e o músico Rafael Martini, que convida a dona de uma linda voz Titane. Para dar sequência ao rolé musical, o cantor Tom Nascimento sobe ao palco na companhia do paraibano Chico César.

Emicida faz show no domingo
No domingo, dia 15, também a partir das 15h30, a galera pode esquecer o “Domingão do Faustão” e mais uma vez apreciar sonoridades na Barragem. Para iniciar o movimento, Humberto Junqueira, artista da Mostra Nova Música Instrumental Mineira, convida o músico Flávio Henrique. Ainda sobe ao palco do Conexão Vivo, as musas Babaya, Lu e Celinha, que recebem o mineiro romântico Vander Lee, Maurício Tizumba, Tia Nástacia e os percursionistas argentinos do La Bomba Del Tiempo. Claro que não poderia faltar a presença do hip hop, o Emicida, cara que está detonando nas rimas, também dá as caras no morro do Papagaio.

NO YOU TUBE
Durante a produção do vídeo clip "Rua Augusta", o rapper Emicida e toda sua tropa de artistas registraram um matérial ímpar, que resultou na montagem do mini documentário "Além da Rua Augusta", que está disponível no You Tube. Aperte o play!



02 maio, 2011

Desabafo

Por Shirley Pacelli
 
“A felicidade é um muro branco”
John Howard



Abhay Charam em  intervenção de grafite no Alto Vera Cruz

Conferindo os tuítes dos seguidores do “Rolé- Cultura e Cidadania” me chamou a atenção uma postagem do @f_santos sobre um “papo ruim” do jornalista Ruy Castro sobre grafite e arte de rua. Fui ler a coluna do escritor na Folha de São Paulo, publicada no dia 27 de abril, e me decepcionei imediatamente, a começar pelo título. Com o nome de "Arte" compulsória, o caro senhor já começa mal por aí. Escreve arte entre aspas o que sugere que para ele a ARTE DE RUA (assim, em caixa alta e imponente) não tem gabarito para tal denominação. Além disso, o “compulsória” já define a ideia que ele vai tentar emplacar no percorrer do seu texto: uma arte obrigatória.

Num texto preconceituoso, o Ruy Castro enumera os motivos pelos quais o grafite deveria ficar isolado em instalações. O jornalista ainda consegue, de uma forma negligente, associar a arte de rua à criminalidade. Como formador de opinião os profissionais da imprensa devem ter zelo com o que publicam.

A “coisa”, como ele chama o grafite, é responsável por uma espécie de democratização da cultura. Todos podem ser artistas e todos podem contemplar as obras. Os grafites não “emporcalham” a cidade como este caro senhor afirmou. Eles dão cor às selvas de pedras, onde somente o cinza predomina, como São Paulo.

Os murais da capital paulista, inclusive, atraem turistas. A Vila Madalena é o reduto desta manifestação e vale uma visita. Pena que tem gente da própria cidade que não sabe valorizá-los.

Foi com essa “coisa” de grafite que artistas como “Os Gêmeos” e Eduardo Kobra ganharam reconhecimento e o mundo. Em Belo Horizonte, Dalata e Hyper divulgam o talento mineiro. Além disso, existem pessoas que transformam através do grafite, a exemplo do Tiago Dequete, arte-educador belo-horizontino que conscientiza crianças através do spray.

Sobre não ter o direito de não ver os muros grafitados, questiono ao Ruy Castro: e quem não quer consumir? Como fazer diante de tanta propaganda? Estas sim acabam com o visual de uma cidade.

Um anônimo em um post por aí disse sobre Ruy Castro: “Seu tempo já foi. Se tranca em casa”. Diante de tanta ignorância, sei não, pode ser uma boa ideia...